Dr. José Tude de Godoy


 A informações a seguir são extratos  da obra intitulada "Dr. José Tude de Godoy - Vida e Obra", de Marília Alencastro Maia, redigida por ocasião do seu centenário. Colaboração indispensável de  Adilson Nunes de Oliveira, museólogo e diretor do Museu Paulo Firpo.

 José Tude de Godoy nasceu em 13 de setembro de 1890, pouco depois da proclamação da Repúbica e dois anos após a Abolição da Escravatura, referenciais que eram pontos de honra nas suas posições oxigenadas e democráticas, sempre em defesa da liberdade. Nasceu em Bagé, mas se considerava pedritense, pois se dizia gerado em Torquato Severo. Era filho do ilustre engenheiro Cândido José de Godoy, natural de Rio Grande, e de Delphina Ferrando de Godoy, nascida em Bagé. Cândido graduou-se em Paris e pelo brilhantismo foi convidado a trabalhar na França, mas decidiu retornar ao Brasil. participou da construção da Barra dos Molhes na cidade natal e depois transferiu-se para o distrito de São Sebastião. Da União de Cândido e Delphina nasceram sete filhos. José Tude de Godoy foi criado pelo avós, em Rio Grande, com quem morou até os 12 anos de idade. Depois disso foi para a capital do Estado, onde deu continuidade a seus estudos e veio a se formar médico em 28 de dezembro de 1913, com primeira distinção, defendendo tese de doutoramento no mesmo mês  e ano.

 Chegando em Dom Pedrito, no início de 1914, Dr. Godoy começou a clinicar, com muito sucesso, atendendo pessoas de todas idades e níveis sociais. A futura esposa, Aida Almeida, conheceu em virtude desta precisar de cuidados médicos no que, após algumas consultas com dr. Godoy, iniciou-se o namoro que culminou com o casamento em 4 de novembro de 1914. Dessa união nasceram quatro filhos: Delphina de Godoy Dias, Adda Maria de Godoy Pereira, Alberto Almeida de Godoy e Álvaro José de Godoy.

 Dr. Godoy morou inicialmente na Rua Andrade Neves, moradia singela sem rede de água, esgoto, nem eletricidade. Dali se mudou para a Av. Barão do Rio Branco até construir a residência definitiva na esquina da Rua Júlio de Castilhos, esquina com a Rua José Bonifácio, no estilo bangalô.

 Como profissional, são centenas de histórias de desprendimento do médico de todos os pedritenses, o qual atendia a todos, indiferente ao fato de serem amigos ou inimigos, principalmente na política, que vivia tempo conturbados. Uma narração da filha Delphina: "Papai foi chamado a atender um paciente na campanha. Isso era muito comum. Muitas vezes percorria léguas a cavalo, ao encontro de algum doente.

 Desta vez, tratava-se, se não me engano de um caso de Crupe (Infecção das vias aéreas superiores que bloqueia a respiração e causa uma tosse forte). Um vizinho, sabendo da presença dele, mandou chamá-lo para um outro enfermo. Meu pai, após atravessar, a nado, com seu cavalo, solicitou outras roupas, não porque estivessem molhadas, mas, como prevenção a qualquer tipo de contágio".

 Dr. Godoy se intitulava o "modesto médico de campanha", que veio trabalhar no interior por opção, tendo rejeitado diversos convites de renomados profissionais da medicina, para trabalhar na capital, elegendo para fazer a sua trajetória, a Capital da Paz.

 Integrante do Partido Libertador, dr. Godoy revestia-se de todas as características ideológicas e morais de um fiel seguidor de Silveira Martins e Assis Brasil. O Partido Libertador era uma espécie de seita, um corpo místico, uma associação de auxílios mútuos, um tipo especial de fraternidade e de unidade absoluta de sentimentos e ideias. Em 1935, por sufrágio direto, o dr. Godoy foi eleito vereador. Era desde aquele tempo, o homem das lições das coisas, aplicando-as aos programas partidários e plataformas políticas, em lugar do verbalismo brilhante, falaz e inócuo. Era direto, objetivo e prático, mas, sobretudo, sábio.

 Veio a caminhada para a prefeitura em 1947. Comícios empolgantes, apoiados por renomados e ilustres nomes da sociedade política da época, encantou os próprios adversários. Vitorioso, no dia de sua posse, retirou da lapela do seu paletó, o distintivo do PL, pois dalí em diante passava a ser o prefeito de todos os pedritenses. No Jornal Ponche Verde de 5 de junho de 1947: "De um lado, o dr. Godoy, que representa a cultura, o discernimento, o dinamismo, o homem previdente, que está sempre adiantado no tempo, vivendo o futuro, é o político, o idealista, sonhando com melhores dias. Do outro lado, o major Pudico Dutra, gaúcho intimorato, pedritense de raízes e de coração, dotado de inteligência natural. Progressista, enérgico, confiante em si". No mesmo jornal, datado de 20 de novembro de 1947 encontra-se o resultado final do pleito. Dr. Godoy foi vitorioso em todas as mesas e, no cômputo geral, obteve mais votos que os outros dois candidatos somados. Elegia-se, com ele, Érico Berrutti Corsini, figura humana exemplar, cujo passado de dignidade e alcandoradas virtudes, que ornam sua alma cristã são permanentes motivos de confiança e admiração..." Então, às 10 horas de uma manhã radiosa de primavera, tomava posse dr. José Tude de Godoy.

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