Coluna Espírita


O que passou, passou

 A vida diária é cheia de altos e baixos e "composta desses mil nadas", como já disse um sábio. Aprender quais são os caminhos menos pedregosos para se trilhar constitui-se uma das tarefas para cada reencarnação. Talvez este seja o grande ponto a ser considerado – a pluralidade das existências, ou por outra, a reencarnação. Sem admitir que já se viveu muitas vezes e que ainda se viverá muitas outras, fica difícil aceitar certas contingências da vida, como as aparentes injustiças e todo o mal que ainda impera em nosso singelo planeta, por exemplo. Diante dos acontecimentos negativos que invariavelmente atingem toda gente, a maioria, sem ter mesmo a vaga noção da continuidade da vida, entra a lastimar o tanto de amargor de que se revestem suas existências. Mas, se ocorre o contrário, se o homem, consciente de seu papel no palco da vida, admite que sofre por sua própria incúria, que colhe tão somente o fruto de suas escolhas, que cada dificuldade que o assalta está revestida de um ensinamento, de um convite ao melhoramento; se consegue, enfim, ver as coisas de um ponto mais alto, certamente irá considerar todos os seus dissabores muito menores do que imaginara. Tais conceitos, não são, todavia, um convite ao autosuplício ou à aplicação em si mesmo de votos de pobreza e sofrimento, absolutamente. É apenas uma mudança de postura diante de acontecimentos que são inevitáveis na vida de qualquer pessoa. Todos os homens, indistintamente, estão sujeitos a uma lei maior que rege a vida – a lei de causa e efeito. Pobres e ricos, gente de todas as raças, cultos e ignorantes, absolutamente todos os espíritos encarnados no planeta Terra, a exceção daqueles que estão em missão, representam a parcela da humanidade que aqui está encarnada, justamente para ajustar-se com as leis maiores, para, mediante o trabalho pessoal, equilibrar as suas condutas e literalmente pagar, diante dos tribunais da própria consciência as dívidas contraídas em ocasiões anteriores, mas isso é assunto para outra oportunidade. Somente tecemos essas considerações prévias para ilustrar o tema principal, que é desenvolver a capacidade de deixar para trás aquilo de ruim que se viveu. Não que se vá esquecer quem se foi, o que se fez, mas tomar como aprendizado e transformar em positivo aquilo que foi causa de sofrimento. E nesse rol de coisas entram inúmeras ocorrências, que cada um, analisando a sua própria consciência saberá enumerar, afinal de contas, ninguém está isento de erros nesse mundo. Deixar para trás o que de ruim se fez, o que de ruim se passou, olhar em frente, fazer dos erros a argamassa para a base de novas e melhores realizações, são boas maneiras de se encarar a vida. É certo que muitos tem nessa planilha de débitos e créditos, uma conta grande a saldar e, fatalmente, muitas dificuldades seguirão aparecendo nesse caminho, porém, a mudança de olhar diante deles pode amenizar e muitas vezes, atenuar as dores pelas quais ainda se tenha que passar. O trabalho no bem, o perdão das ofensas, simples recomendações do Cristo, são ferramentas indispensáveis para aquele que se dispõe a progredir. Sem a Boa Nova a clarear os passos de cada ser, torna-se impossível encontrar o caminho libertador que conduz a Deus. Não que se deva tornar-se um místico religioso e abandonar as relações humanas para seguir Jesus, não é isso. A essência está em, muito mais do que ser bom, em fazer o bem, este é principal objetivo e significado da palavra “cristão”. Aprender com os erros para não cometê-los novamente, olhando a vida material como sendo uma breve estação na vida do espírito imortal, em que ele estagia tendo sempre em vista o seu mundo original, aquele que não perece, e para o qual voltará, carregando na bagagem a palma da vitória ou as algemas que o prendem ao passado.

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