Coluna Espírita



A família perfeita

 É incontestável que todas as famílias, indistintamente, tem seus conflitos. E isso não se vincula a nenhum fator externo, tanto que as famílias pobres ou ricas, as famílias pretas ou brancas, de um país ou de outro, todas elas, em algum momento encontram dissabores, querelas que é preciso se enfrentar, combater e ajustar. Fora essas, existem aqueles núcleos que encarnam da Terra em missão, formando famílias harmoniosas, mas isso é a exceção, o normal é que se unam sob o mesmo teto espíritos afins, mas com o objetivo de resgatarem juntos, aquilo que os uniu no passado. Diante disso, é plenamente compreensível que se veja dentro de uma mesma casa, pessoas com temperamentos e caracteres completamente opostos; irmãos com tendências totalmente diferentes, uns amorosos, honestos e trabalhadores, enquanto outros, de má índole, preguiçosos e inconformados. Dizem os pais: “Tratamos ambos com o mesmo amor, demos-lhes as mesmas coisas, as mesmas oportunidades e, no entanto, cada um seguiu um caminho”. Isso se explica porque quando uma família nova se forma, cada membro é um espírito que traz a sua história particular, a sua bagagem de vitórias e derrotas e, unindo-se sob o mesmo teto, não raro estão grandes inimigos do passado, que então renascem sob o guante da consanguinidade para assim, tentarem curar velhas chagas que os acompanham, muitas vezes, há séculos. Não é outra a causa de gestações complicadas ou mesmo que não chegam a seu termo, visto que a mãe poderá estar recebendo em seu ventre, quem sabe, um espírito que foi causa de seu sofrimento anterior. O mesmo se aplica ao feto, que poderá desta vez, estar sendo gerado pela mulher que foi motivo de sua queda em um passado recente ou remoto. São todas essas, meras suposições, visto que em espiritismo não existe uma regra absoluta para todos os casos, mas apenas a lei de causa e efeito que une e separa, traz ao palco da Terra e leva ao mundo espiritual, os seres que criam por si mesmos as condições de vitória ou derrota, em sua caminhada evolutiva. Esta é a razão pela qual o Espiritismo afirma que a felicidade não é deste mundo, pelo simples motivo de que o nosso planeta, dentro da classificação que lhe compete, está entre os mais atrasados, ou seja, nosso mundo é um planeta escola, um planeta hospital onde espíritos ainda muito endividados e relativamente ignorantes encarnam para poder aprender juntos, como serem pessoas melhores, e para pagarem, também juntos, as dívidas contraídas durante essas idas e vindas entre os planos espiritual e material. Não existe mágica. Para ascender na escala do progresso é preciso querer progredir, e para isso, nada que prenda o espírito ao passado pode estar amarrado a ele, como uma mala sem alça, e nesses tempos modernos, sem rodinhas.

 Quando você pensar que a família dos outros é melhor que a sua, pergunte-se: “Porque eu estou junto a essas pessoas? Porque tenho essa esposa ou esposo, essa mãe, esse pai, esses irmãos? Qual será a minha missão junto a eles? O que fez com que eu reencarnasse nesse meio? O que eu preciso melhorar em mim mesmo para que a minha família possa ser a mais harmoniosa possível?” Se cada um procurar encontrar as respostas para estes questionamentos, certamente veremos muito menos conflitos, muito menos crimes entre aqueles que se unem pelos laços sagrados da família. Saber valorizar, cada um, a família que Deus lhe concedeu, é estar fazendo a sua parte na grande obra da criação, é estar diminuindo a cota de expiação que cada um traz ao reencarnar. A família perfeita será, portanto, aquela que compreender que não se pode medi-la pelos momentos de felicidade vividos, mas pelas vezes em que foi capaz de enfrentar, junta, os maiores desafios de sua existência. 
Pensemos nisso!

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