O crime que não compensa


 Para nós da imprensa, que seguidamente acompanhamos as operações policiais, uma constatação infeliz sempre está presente, qual seja, a de que as pessoas que são alvo de investigações policiais em virtude do tráfico de drogas e atividades afins, vivem em uma condição de miserabilidade, em que suas residências (esconderijos) não condizem com o ganho fácil que o tráfico promete, ou seja, o negócio parece não ser tão lucrativo, pelo menos para esses que seguidamente vemos sendo presos, que conseguem, é bem verdade, adquirir algumas regalias como celulares modernos, roupas e tênis caros, que ostentam por pouco tempo.

 Outra constatação com relação aos traficantes, por exemplo, é de que todos são relativamente jovens, não existem traficantes velhos, ou porque estão presos, ou porque já foram mortos em conflitos que surgem na própria comunidade criminosa.

 Certamente haverá quem  efetivamente lucre com o comércio de entorpecentes, mas não são, definitivamente, esses que nossa reportagem tem tido a oportunidade de  acompanhar.

 Existem, ainda, os assaltantes, de vários tipos: os eventuais, geralmente viciados, que arrombam casas, estabelecimentos; os que usam de ameaça a pedestres ou empresas com armas brancas ou de fogo, e precisam de um dinheiro rápido para sustentar a compra da droga ou pagar dívidas com traficantes; há os mais ousados, cada vez mais presentes em Dom Pedrito, e que têm sido os protagonistas de cenas dignas de filmes policiais.
  
 Estes investem contra postos de gasolina, relojoarias, e mais recentemente, até o Banco do Brasil foi alvo de uma ação que até hoje não foi esclarecida, em que uma quadrilha, certamente especializada neste tipo de ação, ignorando câmeras de videomonitoramento do centro da cidade, adentrou na agência, desligou os sistemas de segurança, arrombou um cofre e de lá levou uma quantia não revelada pela instituição, coisa que, até aquele dia, não tinha sido visto em nossa cidade.

 Em janeiro deste ano, um assalto mau sucedido ao Minimercado Martins culminou com uma funcionária sendo mantida sob a mira de um revólver por mais de três horas, algo que  até aquele momento, também não se tinha notícia de ter acontecido.

 No mês passado, destacamos o caso de um homem que chegava em sua casa tarde da noite e foi abordado por criminosos que tentaram levá-lo a força e, não conseguindo, visto que ele reagiu, deram-lhe um tiro na face e depois roubaram-lhe o carro. Quer dizer, crimes que anteriormente víamos nos noticiários de outros lugares, começam a bater, assustadoramente, às nossas portas, literalmente.

 Já íamos esquecendo dos abigeatários, modalidade de crime muito antiga e comum por estas plagas. Desde a criação da Força Tarefa de Combate aos Crimes Rurais e Abigeato, e que recentemente foi transformada em delegacia especializada, muitos foram os criminosos presos e condenados, acarretando em uma queda substancial do número de casos. Mas  também chamamos a atenção para a condição das pessoas que se envolvem nesse tipo de vida, sempre se escondendo, correndo riscos enormes, muitas vezes da própria vida, para que? Para ganhar muitas vezes o mesmo dinheiro que ganhariam se tivessem um trabalho honesto. Destroem as suas vidas e a de seus familiares. Dão prejuízos aos cofres e à saúde pública. Diante dessas simples constatações, permanece a pergunta: o crime compensa?

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