Conheça a realidade do Passinho do Batista


 Na sequência de reportagens que o Jornal Folha da Cidade está fazendo sobre aqueles locais da cidade que estão mais distantes do centro, ou lugares que comumente estão à margem do trânsito dos demais, hoje trazemos um localidade que é meio rural, meio urbana. Trata-se de uma comunidade localizada no "Passinho do Batista".

 Está lá para quem passa pela RS 630, indo em direção a São Gabriel, poucos metros antes na ponte do córrego que dá nome à vila. Olhando para a direita e para cima, pois que a comunidade fica em uma elevação natural existente naquele lugar. Apesar da distância, cerca de 4 km do centro da cidade e com aproximadamente 60 famílias, a comunidade do Passinho do Batista possui, já há algum tempo energia elétrica e água encanada, menos esgoto ,que ainda é descartado de forma precária. Em geral a comunidade é bastante carente, formada por pessoas que têm a renda baseada na economia informal, em benefícios sociais e coisas do tipo. Existem dois comércios no local, uma padaria e um armazém. Confira a seguir o depoimento de alguns de seus moradores:

 Marta da Silva, que mora com um filho há mais ou menos um ano na comunidade, diz que gosta do lugar, a vizinhança é boa, o lugar é calmo. Entre as dificuldades elencadas, Marta refere a distância e a falta de transporte público para os moradores que se ressentem dessa dificuldade. Muita gente que trabalha na zona urbana precisa estar atenta para não perder o horário. Por ser um lugar relativamente distante, ela costuma ir pouco ao centro da cidade para fazer as coisas mais comuns do dia a dia, como pagar as contas, fazer as compras do mês. Pelo mesmo motivo, as visitas não são muito frequentes, a não ser dos vizinhos da própria comunidade. O ar bucólico, o silêncio interrompido apenas pelo barulho do vento a bater no paredão de pedra onde estão assentadas as casas deixam o lugar ainda mais especial.

 Osvaldo Fernandes Nunes, proprietário da única padaria da comunidade, mora há aproximadamente seis anos no lugar e conta que gosta muito de morar ali. Sua produção de pães, bolachas e outros produtos, destinam-se, basicamente a atender os moradores da comunidade. Dentre as dificuldades que a comunidade enfrenta, estão a falta do serviço de correios, sendo que as ruas não possuem nomes, obrigando que os moradores aluguem em conjunto, caixas postais, para que possam receber as correspondências. A iluminação pública é satisfatória e as ruas recebem com relativa frequência a atenção da prefeitura.

Eva Terezinha e o neto Matheus
 Eva Terezinha da Cunha Moreira, uma das mais antigas moradoras da comunidade, mora na parte mais baixa do local. Ela conta que se estabeleceu ali com o marido cerca de 40 anos atrás, quando existiam apenas umas quatro famílias. Como os demais, Eva gosta muito do lugar, lembrando do tempo em que precisava pegar água em uma cacimba para beber e preparar os alimentos. Energia elétrica, por exemplo, só de bateria, e era assim que assistiam televisão e ouviam rádio. Quanto a isto, ela fala com muita tranquilidade e alegria, pois, hoje ela tem água encanada e luz elétrica em sua casa há vários anos. Na ocasião, estava com ela o seu neto Matheus que estuda no sexto ano da Escola Heloiza Sarmento Louzada e nos contou que a maior dificuldade, é ter que ir para a escola de bicicleta com sua mãe todos os dias, enfrentando sol, chuva e frio, justamente pela falta de transporte.

Professoras Cláudia e Vera na Escola
Pedro Bernardo dos Santos
 Por ocasião de nossa visita àquela localidade, fomos até a Escola Rural Pedro Bernardo dos Santos, que recebe as crianças do Passinho do Batista, além das nucleadas e que atende a pré escola e do primeiro ao quinto ano nos turnos manhã e tarde. Conversamos com as professoras Cláudia Fagundes que leciona na escola há 21 anos e Vera Marisa Forgiarini, que há 3 anos está na escola. Elas nos mostraram a escola e contaram um pouco da realidade vivida pela comunidade atendida pela instituição. Relataram que os alunos são bastante carentes e que por conta disso recebem doações da comunidade, notadamente do sr. Frederico Wolf, que tem uma agroindústria em frente à escola. Por ser uma escola rural, cerca de onze alunos estudam no turno da manhã em uma turma multisseriada.  Dentre as carências que elas identificam na comunidade atendida pela escola estaria uma creche, o que beneficiaria em muito, aquelas pessoas.

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