Coluna Espírita


A Fé
A fé é um pássaro que canta, ao pressentir a luz, antes de raiar o dia. 
(Rabindranat Tagore)

 Que melhor do que a frase acima para descrever (se é que é possível) o sentimento de quem se vê possuído por essa energia. Com efeito, esse magnífico pensador, contemporâneo de Ghandi, exprimiu-se poeticamente da maneira mais bela ao comparar a fé a um pássaro que canta, na certeza de que a luz do astro rei, em breve fará brilhar um novo dia. A fé supera até mesmo a esperança, no que concerne o comportamento cristão, pois esta fica ultrapassada quando aquela passa a ser o sentimento norteador de nossa conduta. Não valem mais os chamados mistérios, agora, é a certeza que ocupa o lugar antes vazio, aliás, lugar cheio, mas de falácias, promessas ocas, de falsas interpretações, deixadas pelas crenças pagãs e dogmáticas, as quais não merecem censura, pois que possuem os seus méritos, mas ficaram por aí, tiveram seu tempo e hoje não são mais compatíveis com o novo pensamento espiritualista.

 Infelizmente a fé não pode ser ensinada. Apesar de ela ter sido imposta até pouco tempo atrás, hoje, já não é mais aceitável tal prática. O esclarecimento geral alcançou tamanhas proporções que já não nos contentamos em aceitar teorias fantasiosas que podem ser contestadas e desmentidas pelos mais simples conceitos científicos. Nesse ínterim, a doutrina espírita, revivendo o cristianismo em sua nascente, sem misticismos nem alegorias, abordando os aspectos da vida sob panoramas mais elevados, revela noções muito lógicas e racionais, levando o ser a construir a fé fundada no raciocínio, na lógica e na razão, sem ter que recorrer ao medo e à imposição, tão comuns na idade média, para dominar o povo e conservá-lo ignorante.

 A fé edificada na razão é perene e sólida, não está sujeita a crença alguma, donde se infere que para tê-la, não é necessário nenhuma prática ritualística. Para a construção da fé raciocinada, não basta saber em que se acredita, é necessário saber o porquê de cada coisa, respeitado, é claro, o grau de progresso que cada pessoa adquiriu.

 Ademais, cada um é responsável por sua caminhada e dia chegará em que a luz da razão brilhará na fronte do ser humano, agora renovado por essa metamorfose evolutiva que compulsoriamente fará com que a humanidade avance mais e mais. Atrás ficarão sepultados todos os erros, todas as injustiças e embora pareça utópico, as gerações futuras darão testemunho dessas transformações. Onde faltar boa vontade, a forja da vida se encarregará de nos ensinar, por vias alternativas, aquilo que nos negamos a aprender pelo método do amor. Sejamos inteligentes e escolhamos o caminho menos doloroso, o caminho da fé que o meigo pastor exemplificou há mais de dois mil anos em sua maior pureza e que se mostra a cada dia mais atual. Pensemos nisso!

Postar um comentário

0 Comentários