Apae promove Jornada da Pandorga de Autismo

Professores Nelson Kirst e Heide Kirst

 A Apae promoveu no dia 5 de outubro, no salão de atos da Escola Nossa Senhora do Patrocínio, o evento denominado Jornada da Pandorga. Tratou-se de um dia inteiro dedicado ao aprendizado e reflexões sobre o autismo. Em sua maioria, estiveram presentes educadores das redes estadual, municipal e particular, embora, a comunidade pudesse participar. As palestras principais foram proferidas pelos renomados professores Nelson Kirst e Heide Kirst, casal que detém enorme conhecimento na área e mantém, em São Leopoldo, a Casa da Pandorga, entidade civil de caráter beneficente, e sem fins lucrativos, que integra a rede socioassistencial de proteção social e defesa de direitos, notadamente às pessoas portadoras do transtorno do espectro do autismo.

 Dr. Nelson Kirst , teólogo brasileiro e professor de Liturgia na IECLB; nasceu: 19 de dezembro de 1941, em Estrela/RS; estudou na Faculdade de Teologia da IECLB, em São Leopoldo/RS; formando-se em 26/11/64; Kirst fez o doutorado na área do Antigo Testamento, 25/02/65-30/09/68, em Hamburgo/Alemanha; trabalhou de 01/10/68 até 31/07/70 como pároco da Igreja Matriz em Porto Alegre/RS; de 01/08/70 até 10/07/82 foi docente na Escola Superior de Teologia - EST, em São Leopoldo/RS; foi liberado para continuar estudos de 11/07/82 até 01/03/83; e de 02/01/85 até 31/07/90 cedido para a Federação Luterana Mundial - FLM, em Genebra/Suíça; desde 01/08/90 assumiu novamente a docência na Escola Superior de Teologia -EST, em São Leopoldo/RS, na área de Liturgia; a partir de 1993 editou os fascículos da Série Colmeia sobre liturgia. E, como membro do Conselho de Liturgia da IECLB, coordenou projetos do Centro de Recursos Litúrgicos da EST.
 Sua esposa, Heide Kirst, formada em Educação Especial, foi quem nos concedeu entrevista, enquanto Nelson falava para centenas de pessoas. Sua palavra contagiava, tamanho o entusiasmo com que encara a questão do Autismo. Contou ela que, quando em 1985 Nelson esteve por seis anos em Genebra, na Suíça, ela aproveitou esse tempo para estudar Educação Especial, junto foram os três filhos do casal. Embora já falasse os idiomas inglês e alemão, além do português, ela estudou um ano de francês antes de encarar o novo desavio. No Institut International d'Etudes Sociales, disseram-lhe que para estudar Educação Especial, ela teria que antes realizar meio ano de estudos práticos, mas havia um problema, restava somente um lugar, e era um que ninguém queria, adivinhe: era justamente um internado para crianças autistas. Heide disse: "Mas o que é autista?" A explicação foi de que que se tratava de um lugar em que crianças não falavam, eram diferentes de crianças com deficiência intelectual e ninguém as compreendia... Ela começou a trabalhar e o primeiro momento foi de susto, depois de encantamento, e por fim de apaixonamento. Depois vieram os estudos, estágios e a vinda para o Brasil em 1990. Já em são Leopoldo, Heide, pensou: "Agora eu vou trabalhar com autistas". E o que diziam, na época, os neurologistas, psiquiatras, pediatras, clinicos gerais? "Aqui na nossa região não existe autista". Surpresa, a educadora foi trabalhar em Apaes, instituições que também não estavam preparadas para atender essas crianças, apesar de ela identificar os autistas nas ruas, nos supermercados. Nossa entrevistada frisou que por enquanto não há exame que detecte o autismo. Não existe um exame de sangue ou de imagem que acuse a patologia, e tampouco encontrou-se a cura, embora exista tratamento e medicamentos.

 Heide diz que o grande problema do autista é a ansiedade, visto que nosso mundo é imprevisível. "...Tem barulhos, tem cheiros, som, pessoas que chegam, pessoas qu evão, então, o tempo todo existe uma imprevisibilidade e para eles é assustador. Então, para o autista, quanto mais regular, quanto mais rotina houver, mais ele se sente seguro", disse a especialista. A desinformação sobre o autismo é muito grande. Heide conta que em algumas de suas palestras, ao final dos eventos, pessoas constumam procurá-los para uma conversa e mencionam que depois de ouvi-los, compreenderam certos comportamentos de parentes, cônjuges, enfim, passaram a identificar no comportametos desses entes, traços de autismo que os deixavam sem saber o porquê de certas atitudes, mas que, depois das palestras, tornaram-se claras, um autismo leve, como ela define. Segundo Heide, o objetivo das palestras são portanto, sensibilizar as pessoas, familiares e educadores, sobre o que se passa no cérebro de um autista, e as dificuldades inerentes a essa condição, e a partir daí construir um primeiro saber. Tentar entender o autista de forma a poder auxiliá-lo. Segundo ela, ainda existe muito preconceito e a própria negação das famílias, que costumam dizer muitas vezes: "Ah, é o jeito dele; faz parte da personalidade dele...".

 Outra situação positiva que o conhecimento sobre o autismo possibilita é o indivíduo com traços de autismo, ou um autismo leve, passar a compreender o porquê dele ser desse ou daquele jeito, o que traz uma resposta aos seus questionamentos íntimos. Identificar os quadros de autismo precocemente, possibilita uma melhora substancial,  e muitas vezes  uma vida social mais equilibrada.

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