Silvio Bermann


Reflexões sobre os resultados das urnas

 Em 2014, no 1º turno das eleições gerais, em Dom Pedrito a candidata do PT à presidência da República, Dilma Roussef, alcançou 12.089 votos e, como segundo mais votado, Aécio Neves (PSDB) emplacou 7.587 votos. O 3º colocado para presidente, Marina Silva (na época do PSB), obteve 1.719 votos e, a partir daí, nenhum outro concorrente ao cargo chegou sequer aos 200 votos.

 Nestas eleições de 2018, o 1º turno, em Dom Pedrito, também para presidente, novamente registrou a polarização entre as ideologias de direita e de esquerda, porém desta vez com o candidato da direita (Bolsonaro) levando vantagem sobre o 2º colocado (Haddad). Foram 8.983 votos para Jair Bolsonaro (PSL), contra 7.336 para Fernando Haddad (PT). Interessante que o 3º colocado de 2018 – Ciro Gomes (PDT) tenha obtido 1.720 votos, apenas 1 voto a mais do que o 3º colocado de 2014 – Marina Silva, que registrou 1.719 votos. A pulverização, neste 2018, foi maior, já que o 4º colocado, Geraldo Alckmin (PSDB) chegou a 1.490 votos, enquanto que o 4º colocado de 2014, Luciana Genro (PSol), teve somente 180 votos. Também merece registro que o candidato do MDB à presidência, Henrique Meirelles, em 2018 obteve somente 510 votos, alcançando apenas um 5º lugar entre o eleitorado pedritense, votação até aqui atingida apenas pelos partidos nanicos, sem maior expressão entre nós.

 Já para governo do Estado – sempre números de Dom Pedrito: em 2014, Tarso Genro (PT) fez, aqui, 8.072 votos, ficando o 2º lugar com José Ivo Sartori (na época, PMDB), com 6.338 votos. Ana Amélia Lemos (na época o partido se chamava PP), obteve 6.231 votos, e o PDT, com Carlos Vieira da Cunha, ficou em 4º, com 717 votos. Do 5º ao 7º colocados os candidatos ficaram somente na casa das dezenas de votos.

 Em 2018,  Eduardo Leite (PSDB) atingiu 9.785 votos, com Miguel Rosseto (PT) em 2º lugar, com 4.168 votos; Sartori (agora o partido se chama MDB), com 3.952 votos; Jairo Jorge (PDT), fez 1.293 votos.

 Uma análise bem simplista já permite concluir, portanto, que a fidelidade partidária foi o ingrediente que menos pesou nestas eleições que ainda estão em andamento, já que nos resta o 2º turno. A polarização está acontecendo mais em nível ideológico de Direita/Esquerda e de voto útil (os que as pesquisas indicavam maiores chances de irem para o 2º turno) do que de preferência por legendas. Exemplificando:  para presidente, o MDB em Dom Pedrito (com Meirelles), chegou a inexpressivos 510 votos, enquanto que o mesmo MDB, com Sartori ao governo do Estado, atingiu 3.952 votos. Notemos, ainda, o caso da votação para presidente, quando Alckmin, que tinha Ana Amélia Lemos (do Progressistas, antigo PP) como sua vice, só conseguiu 1.490 votos, enquanto que os progressistas, para o governo do Estado em 2014, dedicaram 6.231 votos para Ana Amélia Lemos.

 A polarização atingirá o seu nível máximo durante a votação no 2º turno, no próximo dia 28 de outubro. Certo é que a denominada Onda Conservadora e Anti-Petista, encabeçada em nível nacional por Bolsonaro, e a aglutinação das forças de esquerda, liderada em todo o País por Haddad, acabarão não apenas por indicar os rumos que o Brasil irá tomar a partir de 2019 em termos de governabilidade, mas o processo todo já promove uma reaglutinação das forças políticas e das representações partidárias no País. As alianças costuradas, invariavelmente, de cima para baixo, por conta dos acordos maquiavelistas, distribuição de cargos e obtenção de vantagens, gradativamente, vão esgotando a paciência do eleitor comum, do partidário ideológico e moralizado, que já não sabe mais como explicar que sua sigla seja oposição aqui e situação lá, e vice-versa, nem que uma legenda ora seja adversária da sua e ora companheira numa mesma chapa.

 Pegando carona nessas perguntas que a grande mídia está fazendo ultimamente, o que eu espero para meu País, depois das eleições de 2018, é que as posições ideológicas fiquem mais definidas, que os partidos se reagrupem de acordo com convicções, e que assim marchem todos, democraticamente, sabendo cada qual o seu lado, as suas propostas e os meios que defendem para chegar ao poder pelo bem de todos os brasileiros. Independentemente de vitórias e derrotas. Porque, às vezes, vence quem perde e perde quem ganha, dependendo de se a ideologia, a coerência e a vergonha na cara forem ou não respeitadas. Carpe diem!

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